Quando realizou “Kill Bill”, Quentin Tarantino fez uma homenagem ao cinema de ação asiático, aquelas produções japonesas e chinesas, geralmente de baixo custo, que eram exibidas nos antigos “poeirinhas” e que depois se tornaram cult. O cineasta americano reconhece que na seara da ação é difícil superar o outro lado do mundo. E temos exemplos recentes desde o coreano “Oldboy” (2005) de Park Chan Wook até o festejado “A Assassina”, do ano passado. E nesse Festival do Rio temos mais um exemplar forte candidato a cult: “The Villainess”.
É uma clássica trama de vingança. Sook-hee (Ok-bin Kim) foi treinada desde criança para se tornar uma assassina sanguinária. Até que recebe uma proposta do chefe da inteligência coreana para trabalhar por dez anos em troca de liberdade. Depois de servir seu país por esse período, Sook, agora com sua nova identidade Chae Yeon-soo, uma atriz de teatro, dá início a uma nova vida, na qual tem que lidar com tarefas corriqueiras do dia a dia. Até que dois homens surgem de repente em seu caminho, e ela descobrirá os segredos de seu passado.

Além de um roteiro engenhoso e com reviravoltas surpreendentes, “The Villainess” conta com cenas de ação acachapantes. O filme toma o espectador de assalto logo na primeira sequência em que a protagonista trucida vários homens. Todos os movimentos ali são mostrados em primeira pessoa. A cena pode facilmente rivalizar com a que a Noiva em Kill Bill enfrenta os crazy 88. As cenas de perseguição automobilísticas também são uma verdadeira aula do diretor Jung Byung-Jil de como se conduzir um longa do gênero. Muitas delas, inclusive, são feitas em plano-sequência. Na verdade utiliza-se a mesma técnica usada em “Birdman”, “O Regresso” e na sequência inicial de “La La Land”, em que os cortes são costurados digitalmente. Mas ainda assim impressiona.
“The Villainess” endossa a boa fase por que passa o cinema coreano que tem se mostrado tão variegado nos últimos anos. Possui características que vão agradar tanto aos fãs do gênero quanto aos que apreciam produções mais autorais, já que o filme não se rende às facilidades do cinemão. Fica a torcida para que realmente entre em circuito (está previsto para novembro) e não acabe indo direto para DVD.
Cotação: Muito Bom
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