“Halloween Kills” opta pela manutenção do culto ao passado

“Halloween Kills: O Terror Continua” é a continuação direta de “Halloween” (2018), que vinha com a proposta de apagar todos os tropeços que foram cometidos ao longo de 40 anos pela série de terror slasher iniciada com o clássico de John Carpenter em 1978. Como é de praxe nas atuais retomadas de franquia, o intuito era reviver a atmosfera do longa original, trazendo a protagonista de volta servindo como mentora da nova geração. Isso já até fora feito em “Halloween: 20 Anos Depois”, de 1998. Mas esse aqui tinha a chancela de Carpenter, o dono do brinquedo, que assina como produtor executivo, além de levar o selo da Blumhouse, que tem moral alta na seara do novo terror.

A proposta era de uma trilogia, mas não como a formada com os filmes 4, 5 e 6, e sim uma história quebrada em três partes. Assim sendo, Halloween Kills se inicia exatamente onde Halloween terminou: minutos depois de Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), sua filha Karen (Judy Greer) e sua neta Allyson (Andi Matichak) deixarem o serial killer mascarado Michael Myers queimando na armadilha montada no porão.

"Halloween Kills" opta pela manutenção do culto ao passado – Ambrosia

 

Laurie é levada às pressas para o hospital com ferimentos graves, acreditando que ela finalmente matou seu torturador ao longo da vida. Todavia, o bicho-papão  consegue se livrar da armadilha de Laurie, seu ritual de banho de sangue recomeça. Daí, a cidadezinha Haddonfield se mobiliza para caçar o monstro e eliminá-lo de vez.

Após um longa nostálgico de recomeço, como era de se esperar dentro da proposta, esperava-se que no segundo filme a trama avançasse trazendo novidade na estrutura narrativa da franquia, fazendo a história realmente se mover adiante. Não é o que acontece. O segundo episódio se mostra também refém da nostalgia, só que, surpreendentemente, recorrendo ainda mais a ela do que o antecessor.

Além de flashbacks que retomam a noite de Halloween de 1978 para explicar o passado do oficial Hawkins (Will Patton e Thomas Mann na juventude), ainda há a mesma engenharia formulaica da ação de todos os filmes anteriores. Inclusive há elementos do roteiro que remetem ao, em tese, desconsiderado “Halloween 2: O Pesadelo Continua”. Até mesmo a ambientação em um hospital parece um aceno ao longa de 1981.

"Halloween Kills" opta pela manutenção do culto ao passado – Ambrosia

Dessa vez o protagonismo recai de vez sobre a filha e a neta de Laurie, já que essa surge apenas como o elo forte com a mitologia estabelecida. A evolução da personagem Allyson pode ser sentida, e aponta para um final empolgante na (suposta) última parte “Halloween Ends”. No entanto, os coadjuvantes deixam a desejar, não acrescentando muito ao cânone. Entre eles há um casal negro que protagoniza um humor dissonante mais ou menos como a dupla de policiais do filme 5.

As execuções gore que poderiam ser um trunfo, acabam perdendo força por serem em muitos casos mortes aleatórias de personagens sem conexão alguma com a trama principal. Parece que foram pensadas apenas para satisfazer espectadores mais ávidos por sangue do que por uma boa história sendo contada.

"Halloween Kills" opta pela manutenção do culto ao passado – Ambrosia

O diretor David Gordon Green mantém a coesão com o primeiro filme (também assinado por ele), ou seja, de prestar tributo incondicional à obra original. As sequências que se passam no Dia das Bruxas de 1978 é possível enxergar o brilho nos olhos do cineasta refletido na tela. No entanto, é notório que ele junto com seus co-roteiristas Scott Teems e Danny McBride se viram diante de um esquematismo inerente e indestrutível contra o qual preferiram não lutar. Com isso, qualquer inovação ou foi abandonada, ou deixada para a parte final, em prol da manutenção do culto ao passado.

Ainda que jogando seguro, “Halloween Kills: O Terror Continua” tem potencial para entreter os fãs do gênero e até arrancar um sorriso no rosto dos seguidores da franquia. Porém fica uma certa desolação ao constatar que a trilogia que se propunha como um retcon, impõe-se como cronologia definitiva reciclando material até do que foi jogado fora. Esperemos uma (pouco provável) guinada em outra direção em “Halloween Ends” ou no próximo reboot.

Nota: Bom – 3 de 5 estrelas

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