Sérgio Sant’anna e a arte de polinizar sentenças

Sérgio Sant’anna e a arte de polinizar sentenças – Ambrosia

A Arte da Escrita é uma ferramenta para partir sentenças. Talvez na arte do Direito tenhamos o veredicto: a sentença final. Na arte da Arquitetura, a forma espacial em seus desenhos; traços e perfis. Na arte do magma textual temos a escrita só; esta ferramenta híbrida e polinizada tal qual uma abelha polinizando flores das mais variadas estéticas. Ao contrário da Política, onde atua na organização de uma polis multifacetada, a Literatura desarticula discursos, ou melhor, os parodia. Nesta arte, o escritor Sérgio Sant’anna não tem concorrência! Agora seu olhar de cronista se volta para o sombreado masculino no outro lado da Lua – aquele que se oculta à sombra, ou na emanação delicada. Em seus contos, a ação se prevalece pelo masculino, mas refratado pelo aspecto tanto de humanização de um discurso não machista e quase doce na maneira do homem ser. Vou referenciá-lo em dois contos.

No primeiro conto, “Homem-mulher”, que dá título à coletânea, os aspectos que poderiam ser estereotipados o escritor os reverte, onde um homem vestido com roupas femininas tem um relação sexual casual com uma mocinha num cemitério. No aspecto feminino dele, se encaixa à mulher, mesmo ela tendo um corpo feminino, e o homem-feminino tendo uma psique feminina. As paródias de gêneros os escritor as poliniza em acasos de encontros, como se o vento da sexualidade fosse tão imponderável na arte dos afetos.
No segundo conto, talvez o mais bonito do livro, chamado “Lencinhos”, uma delicada tessitura tanto na linguagem mimetizada através do afeto, como no enredo; um homem de seus 50 anos encontra na rua, uma vendedora de lencinhos (ela mesmo os faz) que possuem uma imagética estória em três atos bordada neles. O escritor articula uma Love Story camuflada por desejos poentes e crepusculares. Todo discurso do homem cinquentão é sublimado, ainda mais quando se sabe que o marido dela tem uma doença grave por uma temperança afetuosa indo colocá-lo em estados sublimes de elevada epifania, como na cena que ele vê na praia uma baleia.
O desejo por ela estaria alocado em seu coração, mas nas demandas dos personagens de Sérgio, o desejo é um cavalo brioso. Não demora que o maduro cinquentão tenha sua volição atendida na hora da sua consulta dentária, vendo-a – uma dentista tão voluptuosa ali esbarrando o seu colo nas região baixas do atendido. O desejo ali é resgatado por um estado bruto e dionisíaco. Em paz com sua libido dês-tencionada, no decorrer do conto a ação transcorre para um final feliz entre o cinquentão e a vendedora de lenços.
 

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