Berço dos poemas: lugar de Nina(r). Poemas que nos haicais das manhãs revelam claridades poéticas, todo mundo já sentiu os primeiros claros da sua vida-manhã até para quem saiu do sono, este reino dos pousados à flor do corpo. Nina Rizzi palavra de contos de fadas, possui um elixir para os volteares do som dos poemas que se põe à cantarolar seus ritmos pastorais. No seu último livro pela Editora Patuá, A Duração do Deserto, uma linda relação de sonho-e-vigília. Ou seria um nome Virginia, uma tão só mulher percorrendo um deserto geográfico afetivo onde as palavras são passagens onde o sol a pino resvalam (de sentido) os raios melódicos do poema.
“Aurora sobre o rio Angicos”
“Há em meus olhos a beleza mais colorida.
tão inesquecível como crepúsculo
da memória ganhada, me ergo, arregalada.
e já não há nada dorido em meus olhos
se pareço chora fácil, é verdade
diante do que de fato importa
o sol amarelo e vagaroso
rasgando mil nuvens de paz
sangrando meu rio e meu peito.
Estio, alvoroço”
Nina Rizzi
Nina, a poeta que não entrega o recado, mas que o esconde nos panos das mesinhas de cabeceira. Se este seu livro fosse uma cabeceira eu gostaria de me deitar na cama onde a mesinha de cabeceira seria a parceria ideal da cama onde eu antes de dormir leria seu livro umas variadas vezes. Delícia e imanência são os volteios que me pegaram lendo o livro da poeta, com a linguagem (flamba)caiada
Em imagens gozosas que dão dedinhos mindinhos com a volúpia e lúdico. E o que falar nas (brinco)colagens com referências literárias e cine-joias do imaginário cinéfilo. Pepitas das memórias cinematográficas.
“Esculpir o tempo”
Balões de tarkóvsky
repletos de poemas
voam sob mim.
paisagem preparada para queda
invasões tártaras e tantas
mas não a servidão
ilumina a barra do vestido
d’uma, do chapéu d’ outra
as cores de rublev
os meus adereços
o desespero”.
Nina Rizzi
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