O trabalho, estrelado por Fernanda Viacava, dirigido por Malú Bazán, escrito por Caroline Margoni e com pesquisa e curadoria de Elaine Bortolanza, registra e reativa a memória de Gabriela Leite, ultrapassando a barreira das ruas e do estigma, ao falar sobre prostituição na perspectiva do desejo e da liberdade sexual de todas as mulheres.
“O feminismo abordado por prostitutas é recente e pouco visível. A prostituta sempre foi, e ainda é, objeto de representação nas artes, geralmente de um ponto de vista estereotipado, vitimizador ou romantizado. Neste sentido, por que não tornar visível e compartilhar esse legado de mais três décadas de luta, a partir de suas próprias vozes e narrativas?”, questiona a pesquisadora e ativista Elaine Bortolanza.
“Para contar essa história elaborada a partir da vida e das provocações deixadas por uma puta mulher, optei pela fricção, pela soma, pela coexistência de vozes e elementos, como uma forma de abarcar múltiplos tempos, corpos, vivências e histórias narradas no palco. Assim, esse solo teatral, foi se transformando em um experimento cênico-sensorial com muitas mulheres ‘em cena’, pois sim, somos muitas”, provoca a diretora Malú Bazán.
“Encontros que se desdobram em outros encontros. Elos com elas. Desafio de fazer uma personagem real, ser o motor, pesquisar, instigar, seduzir as pessoas para contar a história dessa puta mulher e esse nosso encontro que tem me transformado muito. Um encontro que mudou meu jeito de olhar e me colocar na vida”, revela a atriz Fernanda Viacava, que a partir da leitura da autobiografia “Filha, mãe, avó e puta” sentiu vontade de trazer Gabriela de volta para o teatro.
Na percepção da autora da dramaturgia, “Gabriela pegou a palavra pelo chifre e atravessou fronteiras. A cada passo, foi conhecendo um país tomado por mulheres como ela. E foi aí que descobriu a própria voz. Uma prostituta destemida, inteligente e que fala! É ousadia demais. Para ela, não é profissional do sexo, é puta. Não é garota de programa, é puta. Não é prostituta, é puta. Quatro letras que, quando unidas, se aproximam do objetivo pelo qual Gabi sempre lutou: domar o estigma.”
O ponto de partida do texto é a memória viva de Gabriela precursora, no Brasil e na América Latina, de um pensamento e um ativismo na luta em defesa das mulheres prostitutas. “Tornar visível ao público esse arquivo vivo é uma maneira de compartilhar, sobretudo com as mulheres, um encontro consigo mesmas, valorizando a importância de seus desejos, narrativas e lutas, como autoras e protagonistas de suas próprias histórias”, acrescenta a curadora Elaine Bortolanza.
Sinopse
Gabri[ELAS] é um monólogo que parte do encontro da atriz Fernanda Viacava com a vida e a obra de Gabriela Leite, principal referência na luta em defesa dos direitos das prostitutas no Brasil. A atriz narra em primeira pessoa o encontro com Gabriela se reconhecendo com ‘elas’, as mulheres da vida, a partir das suas inquietações como mulher e como atriz. Uma busca que parte do corpo da prostituta e transborda para o corpo de qualquer mulher que deseja.
Ficha técnica dessa temporada:
Concepção e Idealização: Caroline Margoni, Elaine Bortolanza, Fernanda Viacava e Malú Bazán
Dramaturgia: Caroline Margoni
Direção: Malú Bazán
Elenco: Fernanda Viacava
O último monólogo que acontece em junho nesta edição: (03-24 de junho)
Chuva de Piaba
Dramaturgia, atuação e direção: Priscila Magella
Orientação dramatúrgica: Rogerio Toscano e Carmina Juarez
Codirecao Carmina Juarez e Gisele Calazan
Sonoplatia: Anabel Andres
Serviço:
“Gabrie[Elas]” na mostra Segundas de Solo
Quando: de 06 a 27 de maio de 2024
Onde: ºAndar Rua Dr. Gabriel dos Santos, 30, Santa Cecília (ao lado da estação de metrô Marechal Deodoro – linha vermelha), São Paulo/SP
Telefone: (11) 3666-6138
Segundas-feiras, às 20h
Duração: 90minutos
Classificação: 16 anos
Capacidade: 50 lugares
Acessibilidade: restrita (cadeira escaladora)
Ingressos: de R$ 30 a R$ 60, com venda antecipada pelo Sympla:
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