Depois de quase meio século de estrada, os norte-americanos do Kiss anunciaram, no ano de 2019, o início de sua turnê de despedida, intitulada End of the Road Tour. Os shows do Brasil, previstos para o primeiro semestre de 2020, foram adiados durante meses em razão das restrições relativas ao Covid-19, e acabaram transferidos para este mês de abril. Na última quinta-feira, dia 28, o grupo se apresentou em Curitiba, dando prosseguimento ao conjunto de concertos realizados em outros países latino-americanos, como o Chile e a Argentina.
Despedidas costumam ser momentos tristes, mas isso definitivamente não vale para um show do Kiss, nem mesmo na hora do suposto adeus. Na capital paranaense, cerca de 20 mil pessoas foram agitadas pela banda, que ofereceu 23 de seus clássicos em aproximadamente 2 horas de performance, realizada na Pedreira Paulo Leminski, conhecido espaço de espetáculos da cidade. Lágrimas, se rolaram, foram de emoção e alegria, e não de tristeza.
No palco, os membros fundadores Gene Simmons e Paul Stanley estavam confortáveis e contentes em performar suas canções. Conversaram com o público, tiveram seus já conhecidos momentos de brilho individual e saíram seguros de ter entregado um bom show. Eric Singer e Tommy Thayer, membros já não tão recentes do Kiss, garantiram a execução fiel das músicas, ambos também possuindo seus instantes com a plateia, como os solos de bateria e guitarra carregados de pirotecnia.
A multidão de expectadores era formada pelos mais diferentes “tipos”: pessoas com rostos pintados e fantasiadas como os membros do grupo, jovens, adultas e crianças – em alguns casos famílias inteiras – todas encantadas e reativas a cada nova explosão de fogos de artifício, labaredas, sangue cênico e fumaça. Do lado de fora, antes e depois do show, ambulantes vendiam de tudo: camisetas, bandanas, copos, faixas, placas de carro personalizadas, broches e até mesmo serviços de maquiagem, nada assim tão exótico para quem conhece a longa lista de produções extra musicais do Kiss.
Músicas de diferentes épocas da banda fizeram parte do repertório, embora a produção setentista tenha recebido especial atenção. Canções como ‘Deuce’, ‘Black Diamond’, ‘Cold Gin’, ‘100,000 Years’, ‘Detroit Rock City’ e ‘Love Gun’, frutos do período maquiado, contrastaram com faixas como ‘I Love It Loud’, ‘War Machine’, ‘Lick It Up’,‘Heavens On Fire’ e ‘Tears Are Falling’, pertencentes ao momento em que o Kiss iniciou sua mudança de sonoridade rumo aos anos 1980.
A mensagem aqui é mais do que clara: embora não neguem os hits produzidos na fase sem maquiagem, o Kiss quer sair de cena sendo lembrado como a banda que surgiu na década de 1970 fazendo uma mistura bastante específica que até então ninguém tinha feito.
Peça de teatro milimetricamente ensaiada, os pequenos atos que compõem um show do Kiss se repetem há muito tempo, ano após ano, nos mais diferentes países. A princípio, pode-se questionar como uma banda que faz a “mesma coisa” há tantos anos segue atraindo pessoas a seus concertos. Melhor pensando, e invertendo a questão, faz mais sentido indagar os fãs, que, mesmo conhecendo o espetáculo de trás para frente, continuam indo às exibições, pedindo e cantando as mesmas composições, se emocionando nos mesmos versos e declarando sempre o mesmo amor aos mascarados de Nova Iorque.
Além de Curitiba, o Kiss tocou em Porto Alegre no dia 26 de abril, se apresenta hoje em São Paulo, dia 30, e passa ainda por Ribeirão Preto no feriado de 1 º de maio.
Setlist
- Detroit Rock City
- Shout It Out Loud
- Deuce
- War Machine
- Heaven’s on Fire
- I Love It Loud
- Say Yeah
- Cold Gin
- Guitar Solo
- Lick It Up(“Won’t Get Fooled Again” interlude)
- Calling Dr. Love
- Tears Are Falling
- Psycho Circus
- Drum Solo
- 100,000 Years(Parcial)
- Bass Solo
- God of Thunder
- Love Gun
- I Was Made for Lovin’ You(Paul no palco B na maior parte da música)
- Black Diamond
Bis:
21. Beth
(Eric no piano)
23. Rock and Roll All Nite
22. Do You Love Me
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