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Comédia policial Cabras da Peste, uma paródia a la brasileira

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Quem assistiu Chumbo Grosso (Hot Fuzz, 2007) deve lembrar quando os dois policiais interpretados por Simon Pegg e Nick Frost são enviados para trazerem de volta um cisne para seu dono. O filme Cabras da Peste segue esse trecho e expande a situação em uma comédia policial, apresentada recentemente pela Netflix.

Seu diretor, Vitor Brandt (Copa de Elite), também co-roteirista não esconde quais foram suas inspirações, aos filmes de ação dos anos 80 e 90, tanto que os nome de  Bruce Willis, Chuck Norris e Mel Gibson são lembrados em alguns personagens. Um budy cop tupiniquim que segue esse princípio que dois policiais perseguem criminosos, cada um com suas características diferentes, a franquia Máquina Mortifera que o diga.

Bruceuilis, o desastrado inspetor de policía, e Trindade, o medroso escrivão paulista

A fotografia brilhante e colorida de Rafael Martinelli (3%) abre o filme com uma louca sequência de perseguição. Bruceuilis (Edmilson Filho), um desajeitado policial tenta prender um suposto ladrão de um ventilador portátil. O roteiro nos apresenta, com essa primeira cena, a abordagem do filme, uma comédia a la Renato Aragão.

A comissária Vitória Regina (Valéria Vitoriano, a “Rossicleá”) como punição pela confusão causada o coloca para cuidar da mascote da pacata cidade de Guará, a cabra Celestina, até um concurso da cidade cearense. Todos os personagens apresentados até o momento são caricaturais, desenvolvidos para fazerem graça.

Paralelamente, a jovem capitã Priscila (Letícia Lima) organiza a ambiciosa Operação Trovão para deter uma gangue de traficantes de drogas. Ela decide por uma ação em que dois policias se passarão por compradores de drogas, no caso o superpolicial Caíque (Juliano Cazarré) e o covarde escrivão Trindade (Mathews Nachtergaele). A operação acaba fracassando, culminando na morte de seu parceiro e a exclusão de Trindade do grupo.

Tiroteio de humor em todas as variações

O roteiro de Brandt e Denis Nielsen apresenta as peças desse quebra-cabeça cômico, colocando os personagens à serviço da trama de ação. O roteiro é simples, se baseia fortemente em piadas, absorvendo o humor encontrado em filmes clássicos envolvendo uma dupla de policiais camaradas. E exagera nisso, quase nenhum momento se passa sem que Brandt não tente alguma piada. A sucessão de piadas cômicas e situações de humor é cada vez maior. E após o rapto da cabra, a dinâmica aumenta, com o encontro dos dois policiais e várias sequências malucas no estilo mais típico dos clássicos filmes de perseguição.

E para manter o ritmo, qualquer meio é válido para o cumprimento da missão, seja carros roubados, táxis Uber ou até bicicletas.

A alegre e variada trilha sonora de músicas ajudam a compor o filme. Como a versão de Gaby Amarantos para The Heat is On de Um Tira da Pesada, divertindo mais ainda. Além dela, Sidney Magal, Lulu Santos, Adriana Calcanhoto trazem suas vozes ao filme.

A cabra Celestina

A paródia também incorpora uma crítica à corrupção brasileira, como um deputado federal envolvido com narcotraficantes, interpretado pelo comediante Marcundes Facão.Um episódio de infância distante de usurpação de sua rapadura é a grande motivação do policial Trindade para a vingança do agora deputado Luva Branca.

A boa performance cômica geral do elenco articula cenas engraçadas e sequências de ação. Mas Edmilson Filho está tão excelente em seu papel que sobra em comparação com os demais atores. Apesar da química entre os dois protagonistas funcionar, o jeito regrado de seu personagem encobre o talento de Nachtergaele, que não consegue se desvincilhar de seu João Grilo do Auto da Compadecida. Mas é a cabra Celestina que rouba a cena, ganhando destaque ao longo do filme; em especial, no final.  A surpresa surge quando a cabra decisiva, se tornando a heroína da grande aventura.

Conclusão

Cabras da peste é um filme cuja função é divertir, mesmo com a premissa absurda. Entreter um público de todas as idades com as aventuras cômicas de dois policiais enfrentando traficantes de drogas estereotipados. Mão espere um filme complexo; irá agradar e fazer você rir por uma hora e meia.

Nota: Bom – 3 de 5 estrelas 

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Por
Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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