“Moana 2” teve seu anúncio para o cinema nos 45 minutos do segundo tempo, em uma mudança de curso que surpreendeu muita gente, já que seu lançamento estava programado para o Disney+. Assim como nos anos 1990 e 2000, a Disney destinava ao home video as continuações que eram meras plataformas para continuar rendendo a imagem de personagens junto aos pequenos, o serviço de streaming abrigaria tais sequências dos sucessos atuais. No entanto, com os êxitos de “Frozen 2” e “Detona Ralph 2”, o estúdio se deu conta que o cinema é mesmo o melhor negócio para continuar faturando em cima de suas propriedades.
A nova animação acompanha o reencontro de Moana e do semideus Maui para uma nova aventura pelos mares. Três anos se passaram desde a última jornada marítima (ela já tem até uma irmãzinha), e um chamado de seus ancestrais leva a jovem de volta para águas perigosas e distantes da Oceania com um grupo improvável de marinheiros. Ela conta com a ajuda de Maui para quebrar uma maldição terrível que um deus maligno colocou sobre uma das ilhas de seu povo e reconectar sua nação, assegurando a paz dos oceanos.
Como podemos notar, a trama é praticamente a mesma do filme de 2016, só que sem a mesma graça, com músicas pouco marcantes e se a animação impressionava há oito anos, o mesmo não ocorre aqui, já que não houve uma evolução tão grande – lembremos que se trata de um produto destinado ao Disney+, e por mais que tenha havido retoques, não se empregou um orçamento equivalente ao de uma superprodução.
Se em “Moana – Um Mar de Aventuras” acompanhávamos uma típica jornada da heroína, com seu crescimento e aprendizado, na continuação o que temos é uma protagonista que não sofre nenhuma mudança e também não acarreta transformação. Os coadjuvantes que a ajudam na navegação não ajudam na movimentação da trama, estão ali como alívios cômicos que em nada acrescentam, e se a presença de uma vilã garantiria uma dinâmica interessante, já que no longa original seu desafio era simplesmente a natureza, a antagonista simplesmente não diz ao que veio e é uma das várias coisas que ficam sem muito propósito.
A direção ficou a cargo de um trio de iniciantes na função. David G. Derrick Jr., Dana Ledoux Miller e Jason Hand já ocupavam funções no departamento de arte da Disney mas nunca haviam atuado como diretores. A experiência dos veteranos John Musker e Ron Clements, que comandaram a produção de 2016 e também haviam dirigido os clássicos “A Pequena Sereia” e “Aladdin”, fez muita falta nesse novo capítulo. Por mais que o primeiro Moana não fosse exatamente um primor de originalidade, era uma reciclagem da fórmula de sucesso do estúdio, havia aquele toque mágico da receita, responsável por tornar a animação marcante. Aqui tudo é genérico, com tomadas e até sequências que parecem ter sido aproveitadas do antecessor até as músicas, que estão em maior número, porém cansativas e parecem estar ali mais para alongar a duração do que ajudar a contar a história.
Mas felizmente existe Maui (voz de Dwayne Johnson no original) que deixa tudo muito mais divertido. É inegável o ganho do filme quando ele entra em cena. Inclusive a sua canção é a única minimamente empolgante.
Por fim, “Moana 2” até traz potencial para agradar crianças menores que querem apenas ver sua heroína em mais uma aventura, e consumir os novos merchandinsings – afinal esse é o principal intuito dos envolvidos. Algumas sequências se justificam, proporcionando diversão, mas fica claro que é um pálido arremedo daquela que é a última animação original marcante seguindo o modelo clássico. Há um live-action a caminho com Dwayne Johnson interpretando sua contraparte animada e até um terceiro filme. Moana é de fato um ativo para a Disney e não sairá de cena tão cedo, mesmo se não houver história relevante para contar.
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