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Minissérie “O Hóspede Americano” joga luz em fatos pouco conhecidos da nossa história

Quantos filmes franceses já foram feitos sobre a Revolução Francesa? E quantos filmes norte-americanos sobre a Guerra de Secessão ou sobre o envolvimento americano na Segunda Guerra Mundial? As indústrias do entretenimento de vários países estão acostumadas a beber na história destes países para encontrar inspiração para suas produções. Quando isso acontece no Brasil, o resultado em geral é ótimo. Ao resgatar um fato pouco conhecido da nossa história – a participação de um ex-presidente norte-americano numa expedição amazônica – a minissérie “O Hóspede Americano” se sai muito bem, enquanto tenta agradar a brasileiros e americanos.

O ex-presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt (Aidan Quinn) vem ao Brasil para uma expedição pelo Rio da Dúvida, considerado o último rio inexplorado do país. Ele se junta a uma expedição organizada pelo então coronel Cândido Rondon (Chico Diaz) e leva a tiracolo seu filho Kermit (Chris Mason), que já vive no Brasil há alguns anos.

Por causa de seus métodos e objetivos, Roosevelt e Rondon entram em conflito. Roosevelt acredita que às vezes é preciso usar a força para alcançar a paz, enquanto Rondon tem como lema “morrer se for preciso, matar nunca”. Roosevelt também está interessado em escrever um livro sobre a expedição e publicá-lo o mais rápido possível, mas Rondon quer mapear minuciosamente o caminho que percorrem.

Há momentos de flashbacks, com Roosevelt na presidência, em um embate contra o banqueiro J.P. Morgan para criação de áreas de reservas naturais. São cenas “para inglês ver” – ou melhor, para americano ver – porque não acrescentam muito à jornada dos personagens na selva, e são pouco interessantes geopoliticamente para o espectador brasileiro.

Um grande trunfo da minissérie é que ela retrata Roosevelt e Rondon como personagens complexos, não como heróis sem defeitos. Em uma cena, Rondon até mesmo pune um de seus homens que estava roubando comida chicoteando-o, da mesma maneira que os senhores faziam com seus escravos. O roteiro não escapa, entretanto, de ter um momento em que Roosevelt é a voz da razão sobre o progresso imaginado para a região que estão explorando.

O Hóspede Americano” é uma co-produção Brasil e Estados Unidos, com os quatro episódios dirigidos por Bruno Barreto, também produtor executivo da minissérie. O roteiro é de Matthew Chapman, trineto de Charles Darwin, que já trabalhou no Brasil no roteiro do filme “Flores Raras”, de 2013, também dirigido por Barreto. O plano inicial de Barreto era fazer um longa-metragem sobre a expedição de Rondon e Roosevelt, mas ele mudou de ideia após as negociações com a HBO.

Com um the elenco afinado, equipe técnica mista e muito competente, “O Hóspede Americano” conta uma aventura com edição ágil, atenção aos detalhes e bons diálogos. É a prova de que nossa história, tão rica e por vezes tão esquecida, merece ser considerada terreno cheio de inspiração para a indústria do entretenimento – e todos ganham quando aprendemos e ao mesmo tempo nos divertimos.

Nota: Fantástico – 4.5 de 5 estrelas

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